quinta-feira, 7 de agosto de 2008

DUAS NATUREZAS EM MIM!

Rm 7:15-24
"Porque o que faço não o aprovo, pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum: e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?"

Eis o grito angustiado de um homem que não conseguia viver à altura dos princípios que conhecia e nos quais cria, sentindo por vezes, que dentro dele existiam duas pessoas que lutavam entre si para assumir o controle de sua vida.

O drama de Paulo tem sido o drama de todo cristão. Por que é que a partir do momento em que nos entregamos ao senhorio de Cristo, a nossa luta espiritual na existência se torna mais intensa e os conflitos se avolumam? Por que é que pessoas convertidas, que amam a Cristo, continuam sentindo vontade de fazer o que é errado? É possível harmonizar o que sabemos que devemos fazer, com aquilo que realmente desejamos praticar?

Talvez um primeiro passo para respondermos essa pergunta seja buscar entender bem o que acontece no momento de vida que chamamos de conversão. Muitos têm a idéia de que nessa hora Deus arranca de dentro de nós a natureza pecaminosa, jogando-a fora para sempre, e coloca instantaneamente no lugar, a nova natureza que gosta de obedecer e amar.

Isto não é completamente verdade. Seria maravilhoso se fosse assim, já que nunca mais teríamos vontade de pecar. A fonte da "concupiscência e das paixões deste mundo" não existiria mais. Infelizmente não é assim que acontece.

Realmente, quando aceitamos Cristo em nossa vida, uma nova natureza é implantada dentro de nós - a natureza de Cristo - que esmaga e fere mortalmente a velha natureza pecaminosa que não sai imediatamente, como muitos imaginam - ela continua dentro de nós, agonizante.

O ideal seria que a velha natureza permanecesse sempre "mortalmente ferida". Mas essa situação não é definitiva; é circunstancial. Na primeira oportunidade que receber alimento e atenção, ela se fortalecerá e sarará de seu ferimento; e se continuar sendo alimentada, ela recuperará completamente as forças e lutará para expulsar de nossa vida a nova natureza.

É por isso que depois da conversão a luta aumenta. Existe muito mais conflito num homem depois de sua conversão do que antes dela. É a velha natureza dentro homem, opondo-se à nova natureza.
Esta é a luta que o apóstolo Paulo travou e compartilha conosco: "Porque o que faço não o aprovo, pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço" (Rm 7:15).

Agora eu pergunto: no momento em que Paulo escreveu a carta aos Romanos ele estava ou não convertido? Claro que estava. Sua conversão aconteceu quando ele se encontrou com Jesus lá na estrada de Damasco. Porém, aqui está a experiência de um homem convertido sentindo dentro de si o conflito que a luta entre as duas naturezas produz:

"Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o espírito para as coisas do espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele". (Rm 8:5-9).

Você e eu somos homens e mulheres com duas naturezas dentro de nós que “não se bicam”, não se aceitam, não gostam uma da outra.

- Pastora, talvez você pergunte, quer dizer que toda minha vida vai ser esse conflito, onde o que eu não quero fazer será sempre o que farei?

Não necessariamente, não precisa ser assim; e isso vai depender das escolhas que você fará na vida. As duas naturezas estão em luta e uma delas vencerá. Uma delas assumirá o controle completo de sua vida. Uma delas sobreviverá e a outra morrerá. Qual delas será a vitoriosa?

Vamos ilustrar o assunto da seguinte maneira: suponhamos que na arena de um circo estão soltas duas feras envolvidas numa luta de morte. Os empresários do circo pegam as duas feras e as colocam em jaulas separadas. Uma delas é fartamente alimentada. Recebe comida e água em abundância. A outra é deixada no esquecimento quase total, recebendo vez por outra um bocado de alimento, o suficiente apenas para não morrer. Quando o momento do confronto chegar, qual delas vencerá? Você tem alguma dúvida? Você sabe que vai vencer a que for melhor alimentada, não sabe?

É isso o que acontece na luta das naturezas por obter o controle da nossa vida. Uma delas assumirá finalmente, por completo, o domínio do território e, sem dúvida será a que for melhor alimentada.

O problema é que os seres humanos geralmente alimentam mais a natureza pecaminosa, e esta é a causa de nosso fracasso constante, mesmo depois de nossa entrega a Cristo. Deus realizou em nós o milagre da conversão, implantou em nosso coração a nova natureza, mas nós não cuidamos dela, não a alimentamos e, em conseqüência, a velha natureza está sempre recuperando espaços na nossa vida.

Como é que essas naturezas se alimentam?
Tudo o que entra em nossa mente através dos sentidos é alimento para uma ou para outra. Especialmente aquilo que vem através da visão e da audição. Eis porque precisamos ser cuidadosos na escolha dos programas que assistimos, dos filmes que vemos, das revistas e livros que lemos, das conversas das quais participamos e das músicas que ouvimos.

É verdade que enquanto estivermos vivendo esta dimensão de vida, mesmo sem querer, estaremos sempre filtrando comida para a natureza má. Não posso evitar ouvir uma música que inspire sentimentos negativos enquanto estou num ônibus ou no local de trabalho, por força das circunstâncias. Não posso também evitar que apareça uma imagem negativa enquanto leio ou assisto ao noticiário. É impossível deixar de ouvir conversas pouco edificantes na escola ou na rua. Mas posso evitar colocar voluntariamente esse tipo de "alimento" em minha mente.

Na realidade a nossa vitória na vida cristã, depende de certo modo de aprendermos a conviver radicalmente com ambas as naturezas. De que maneira? Alimentando a natureza de Cristo e matando a outra de fome. É isso que o apóstolo Paulo diz quando afirma: "E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências" (Gl 5:24).

Talvez você se pergunte: - até quando terei de conviver com essa luta das naturezas?

A resposta é: enquanto estivermos neste mundo, não há como expulsar a natureza má pra fora de nosso ser, mas podemos tornar a luta mais leve, deixando de alimentá-la, mantendo-a "mortalmente ferida e agonizante".

Mas, graças a Deus, existe uma promessa maravilhosa. O apóstolo São Paulo diz: "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória".
(I Co 15:51-54).

Isto não é maravilhoso? Finalmente livres da velha natureza para sempre... homens e mulheres com uma só natureza, a natureza perfeita de Cristo, que se deleita em amar, obedecer e andar nos caminhos do Pai.

Enquanto esse dia não chegar, vamos guerrear sem cessar contra a velha natureza, matando-a de fome, desnutrindo-a, asfixiando-a e, em contrapartida, alimentando persistentemente a nova natureza.

Esse foi o segredo que o apóstolo Paulo descobriu tempos depois, quando escreveu aos Filipenses dizendo: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai" . (Fp 4:8).

Ele está falando do alimento da nova natureza, você percebe? Ele descobria finalmente o segredo da vida vitoriosa. Deixar de alimentar a velha natureza. A natureza de Cristo tinha assumido agora o controle de sua vida: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gl 2:20).

À medida que os anos passavam, a velha natureza de Paulo ficava cada vez mais fraca, de tal modo que, quando chegou o momento de sua morte ele exclamou triunfante: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda" (II Tm 4:7 e 8).

Aleluia! Eu e você também podemos vencer! Também podemos ser vitoriosos. Cristo garantiu a nossa vitória na cruz! Ele está bem pertinho de você nos seus momentos de luta, em seu bom combate.

Nos momentos em que você acha que todo mundo o abandonou, pensa que nunca conseguirá, acredita que você é um fracasso completo, lembre-se: Jesus Cristo, o amante de nossas almas, está aí, amando você, perdoando você, sustentando você, e continuará a fazer isso até a vitória final, se você assim permitir.

Essa é a nossa pregação! Que ninguém a despreze. (Tito 2:15)

2 comentários:

Anônimo disse...

Pastora, verdadeiramente, me emociono com "seus" escritos, pois vejo, ouço,sinto Deus tratando comigo,através de você...È como se Ele simultaneamente, revela-se a mim e me revela,a mim mesma acerca de como sou e de como estou... tem sido uma experiência tremenda e edificante...continue,por favor...é re-mediador!

Anônimo disse...

Cara Pastora Fátima,

Onde você esteve todo esse tempo hein?

Que maravilha sua percepção de Deus, do Real, da alma humana..

Quem a informou a respeito dos meus mais sérios e íntimos dilêmas? rsrsrs...

Por favor Pastora, escreva, semeie, guie-nos com a bússola de seu enorme talento de escritora..

Rrsrsr.. Escritora rima com Pastora.. Hahahah...

Lindo Blog, preciosos textos..

Eternamente grata a você,

Marta Alcantara