segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O REINO DE JESUS
(Mt 13:31-35)



Irmãos, é verdade que o príncipe deste século tem escravizado a humanidade, razão pela qual este mundo está de cabeça para baixo. Os seres humanos estão vendo seus filhos aprisionados em meio às drogas, ao álcool e à promiscuidade sexual. Os lares estão sendo divididos, corações estão feridos, sangrando.

O ser humano não confia mais no ser humano. O povo não confia mais nos seus líderes, nos seus governantes. Os filhos não confiam e não obedecem mais aos pais. Os pais não acreditam, não confiam mais nos seus filhos.

Os que já perderam de vez a esperança de vida melhor se entregam cada vez mais inteiramente à prática da maldade, da injustiça, do roubo, do engano, da corrupção, das falcatruas, dos assassinatos. Só precisam vencer a expectativa da primeira vez e matar logo deixa de ser um problema e a vida humana perde o valor. As crianças que crescem em ambientes assim, como em alguns morros, favelas de alta marginalidade, crescem entendendo que a vida humana é apenas um detalhe na existência. Para uma criança puxar um gatilho só precisa ter a arma.

Os que ainda têm alguma esperança buscam desenfreadamente por um sentido na vida, mergulhando em práticas religiosas as mais estranhas possíveis. Buscam Deus nas águas, no sol, nos anjos, no mar, nos terreiros, nos animais, nos centros espíritas.

São boas pessoas, bons cidadãos, que pagam seus impostos, são pais e mães de família maravilhosos, mas que chegam à noite em suas casas e não conseguem dormir direito, pois sentem que alguma coisa está faltando em seus corações, que alguma coisa está muito errada.

Há também os crentes sinceros, que um dia foram impactados pela mensagem do Evangelho que lhes disse: “Alegrem-se pois é chegado o Reino de Deus”, mas esta alegria não se tornou uma constante em suas vidas. Ao contrário, passaram a sofrer por viverem uma vida tão cheia de altos e baixos.

Muitos cristãos sofrem porque não têm a coragem de olhar diretamente para Deus e perguntar o que deu errado. Se a Tua Palavra é a verdade, por que é que não está sendo verdade na minha vida. Onde estão todas as promessas de paz e prosperidade, solução, cura que me foram feitas... por que estou sofrendo assim? Por que as coisas têm sido tão difíceis para mim.

Em situações assim é muito comum a gente ouvir explicações do tipo: “Tenha fé e calma. O mundo é assim mesmo, injusto, corrupto. Mas...quando o poderoso Rei Jesus voltar, tudo vai mudar. Ele vai estabelecer com Seus remidos um Reino de paz e a justiça por fim prevalecerá. Não haverá mais pobres, oprimidos, nem doentes, nem injustiçados".

Quando a gente ouve uma resposta como essa até sente vontade de dizer ALELUIA GLÓRIA A DEUS! Mas tem um problema muito grande com este tipo de resposta - é que ela é apenas parcialmente correta. Há um problema quando ao tempo em que imaginamos que tais coisas devam acontecer. Prestem atenção nisso: Jesus não se referiu ao Reino de Deus como algo a acontecer depois que a gente morrer ou for arrebatado.

Quando Jesus contou estas parábolas aos seus discípulos a mensagem que ele queria passar era a seguinte: “vocês estão tão preocupados com o império opressivo de César e com o reino oprimido de Israel que estão deixando passar despercebido o mais importante: o Reino de Deus está aqui agora, disponível a todos! Esta é a realidade mais importante. Creiam nestas boas notícias e sigam-me!”

Jesus falava por parábolas também para estimular as pessoas a pensarem, a buscarem entendimento. A gente aprende mais e melhor quando tem que pesquisar – mais do que quando obtemos respostas prontas e fáceis.

No texto que lemos, as metáforas que Jesus usa para falar do Reino são perfeitas e fazem a gente pensar. Vejam a primeira (vs. 31 e 32): o Reino dos céus é como um grão de mostarda plantada num campo...embora seja a menor dentre todas as sementes... vocês já viram um grão de mostarda? É menor ainda que um pozinho de cupim... quando plantada ela morre, desaparece literalmente – quem não sabe disso pode até pensar que perdeu a plantação. Mas não, depois de um tempo ela renasce e cresce, cresce, e é tão grande e aconchegante a hortaliça em que se transforma que as aves fazem ninhos em seus ramos.

O povo judeu era, na grande maioria, envolvido com a agropecuária e agricultura, portanto sabiam disso. Então Jesus aproveitou esse conhecimento, para fazer uma maravilhosa analogia, que os discípulos somente vieram a entender depois de Sua ressurreição:

O campo aqui é o mundo com seu jeito de viver a vida, é a humanidade, o coração dos homens. Essa pequenina semente era Ele mesmo, Jesus. Essa pequenina semente era seus ensinamentos, um novo jeito de viver que Ele queria passar para os homens. A pequenina semente era Sua mensagem pregada nas ruas, nos campos, em lugares abertos ao público – porque sua mensagem é uma mensagem pública. E assim como o grão de mostarda Ele também morreu e quem não entendeu nada também achou que ali na cruz do calvário o sonho havia terminado. Acabou, is over, nada mais existe - mas não. Três dias depois renasceu, e através de seus discípulos que foram propagando seus ensinamentos, começou a crescer, crescer, e hoje é tão grande e aconchegante a hortaliça em que se transformou que as aves homens e mulheres fazem ninhos em Seus braços, encontram descanso em seu colo, choram no seu regaço, e encontram consolo no Seu amor infinito. É maravilhoso...

Mas ele contou ainda uma segunda parábola (vs. 33): Ele disse que o Reino de Deus é como o fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada.

O fermento é um pozinho branco, minúsculo, que também como o grão de mostarda, desaparece quando é misturado numa massa de bolo por exemplo. Não dá pra ver que está lá...olhando ninguém diz que está lá. Mas coloque o bolo para assar e verá em que maravilhoso, perfumado e grande bolo a massa se tornará.

Então vejam, Jesus deu exemplos concretos a respeito do Seu Reino. Ele não falou de plantação de mostarda e de fazer bolo num outro céu ou numa outra terra, numa outra dimensão. Era ali, naquele momento, naquele lugar. A Sua presença entre os homens inaugurava um Reino.

Em Mt 3:2 João Batista, seu primo, anunciou sua chegada assim:
Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo. Este, (ou seja, o Reino dos Céus) é aquele que foi anunciado pelo profeta Isaías: "voz do que clama no deserto. Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele”.

Mas que Reino chegado era esse? Seria uma nova religião? Não, porque a religião vigente estava de acordo com os sentimentos de Jesus. Embora não verdadeiramente praticada pregava-se que Deus era o único e verdadeiro Deus digno de honra e adoração.

Não, o objetivo maior de Jesus ao encarnar não foi apresentar uma nova lista de isso pode, isso não pode, isso deve, isso não deve. Uma lista de deveres que daria como prêmio ao que cumprisse todos os itens, um céu cheio de ruas de ouro e cristal, onde os vencedores ficariam tocando harpa junto com os anjos por toda a eternidade. Certamente que não foi só isso o que Jesus veio fazer na terra.

Seu objetivo maior também não foi organizar a vida dos humanos na terra. No tempo em que veio já existia uma religião que pregava adoração ao Deus vivo, já existiam famílias estruturadas, reinos humanos estabelecidos, já existiam grupos políticos organizados com seus erros e acertos, loucos para implantarem seus reinos.

No tempo em que Jesus andou por aqui existia um grupo de religiosos, chamados fariseus, que acreditavam que Deus enviaria o Messias se eles se purificassem, se obedecessem aos ensinamentos bíblicos com maior rigor.

Se tivessem uma pureza religiosa debaixo de muito rigor, Deus os livraria da espada romana. Então eles condenavam os pecadores ao fogo do inferno e se entregavam ao cumprimento rigoroso da Lei, mas sem qualquer piedade, misericórdia. A Lei era mais importante que tudo, inclusive que as próprias pessoas.

Então quando Jesus, filho de um carpinteiro começa a pregar, sua mensagem era como uma imensa carapuça que servia em muita gente...muitos religiosos. Ninguém ficava de fora. Todos se sentiam acusados em sua pregação. Por isso Jesus despertou tanto ódio nestas classes.

Por isso também hoje, muita gente não quer ouvir a pregação da Palavra porque não quer se sentir incomodado, constrangido, não quer ter que mudar de atitude, sair de seu comodismo. E aí eu ouço conselhos do tipo. Pastora, pega leve, prega um sermão gostosinho, que não exige compromisso, que faça as pessoas se sentirem bem. As pessoas querem apenas ouvir que Jesus cura, dá carros, mansões, abre portas de emprego, dá marido, e rico de preferência. É esse discurso que enche igreja.

Queridos eu penso que tem algo nessas pessoas que odiaram Jesus que falta em muitos de nós - que é a capacidade de, uma vez sendo atingido pela verdade, reagir intensamente a ela. Porque uma coisa era certa. Quem O rejeitava, rejeitava, tinha ódio mortal. Mas quem O aceitava, passava a viver para Ele, a viver a vida dEle e a morrer por Ele.

E a gente não vê isso acontecendo hoje. As pessoas aceitam Jesus como quem aceita fazer parte de um clube, pagando uma mensalidade, de preferência bem baixa para desfrutar dos benefícios que o clube oferece. Isso é religião. Porém, sabem o que é que os fariseus e outros grupos ouviam da boca de Jesus que os deixava tão enraivecidos? Jesus pregava assim:

“V
ocês querem saber quem será abençoado? Não serão os poderosos, os ricos que possuem muito dinheiro e armas. Não, os pobres é que serão abençoados.
Não aqueles que podem gritar mais alto e abrir caminho á força. Não, os mansos é que serão abençoados.
Não são os que matam seus inimigos, que afastam os que inconvenientes. Não, antes aqueles que são perseguidos por fazerem o que é certo é que serão abençoados.
Não aqueles que fazem apenas o que é seguro fazer, mas aqueles que se levantam em prol da justiça.
Não o ardiloso e dissimulado, mas o puro de coração. Não os que fazem guerra, porém os que promovem a paz. Estes é que serão abençoados.”

Quem é que fica de boa ouvindo um discurso como este, vindo da boca de quem andava e comia com gente de péssima reputação, beberrões, cobradores de impostos, prostitutas...Jesus andava com eles exatamente para ter a oportunidade de transforma-los.

Não... longe de nós. Queremos Seu poder de tornar nossa vida melhor e nos dar os bens que a gente deseja ou necessita, mas não queremos viver necessariamente seu estilo de vida, nem queremos carregar Sua cruz.

Mas Jesus desafiava cada um dos movimentos políticos existentes para que reconsiderassem radicalmente suas posições, e desafiava todas as pessoas a refletirem a respeito de sua alternativa revolucionária.

Que alternativa era essa? Era a de ver, buscar, receber e entrar em uma nova realidade política, social e espiritual à qual Ele chamou de Reino de Deus. Um Reino de justiça, comprometido em promover a paz, o amor, a misericórdia, o cuidado de uns para com os outros. E como é este Reino? Que novas características ele apresenta?

● Neste Reino não há lugar para o egoísmo, a agressividade, a desonestidade, violência, corrupção. Nesse Reino não tem barganha. Não se segue o Rei visando apenas os bens que o Rei pode dar.
● Neste Reino, nenhuma benção vem de sacrifício e esforço humano, logo, corrente de oração ou campanhas que sugerem cumprir um rito de sacrifício para se conseguir uma benção é viver outro evangelho que não o da graça que o Rei oferece.
● Neste Reino só há uma esperança que vale a pena, a que não engana com fantasias. A esperança do cristão não é a de ter uma vida facilitada e intocável, mas sim de contar com a presença incondicional do Pai que nos sustenta em seu amor. Aconteça o que acontecer, ouviremos a voz do Amado sussurrando ao nosso ouvido: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. E quando ouvimos essa voz cada um de nós poderá sempre responder: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.” Como está escrito em (2Co 12.9).
● Neste Reino a igreja é a resposta de Deus ao clamor humano por justiça. O Reino de Deus não pode ser buscado sem a Sua justiça. Por isso nossos empreendimentos sociais sempre devem acompanhar nossa evangelização. E no Reino de Jesus, justiça social se faz com ação social e não com campanha de oração ou jejum. O faminto é saciado com pão e não com promessas irresponsáveis de milagres.
● Neste Reino as pessoas são acolhidas com seus dramas pessoais, onde sempre encontrarão uma resposta bíblica às verdadeiras questões da vida humana. Neste Reino a dignidade humana é defendida com base em uma doutrina que se sustenta na vida, que constrói, que aproxima de Deus.
● Neste Reino não existe uma espiritualidade preventiva. Do tipo ‘se eu fizer tudo certinho nenhum mal me atingirá!’. Não existe a promessa de a comunidade cristã ser isenta de acidentes, dores, injustiças, doenças e transtornos pertencentes a um mundo desajustado e inseguro como o nosso. O mundo não é um lugar seguro para todos(Ec 9.1-3; Rm 8.18-23). Se Cristo aceitou não fugir das horas mais difíceis, por que nós acreditamos que nossa oração sempre nos poupará delas?

Meu querido irmão, minha querida irmã, sabe quando é que o Reino de Deus acontece? Toda vez que alguém crê nele, se envolve com ele e vive de acordo com os padrões dele. O Reino de Deus se implantou com Cristo Jesus, porque, por causa de Cristo Jesus, toda vez que um crente vê alguém necessitado o ajuda. Quando vê alguém ferido o socorre. Quando vê alguém triste o consola, caído o levanta.

Cristo nos ensinou que Seu Reino não é coisa para um outro mundo – é para aqui e agora.
É aqui e agora que tem gente sofrendo com a alma desesperada precisando ouvir de você que Cristo liberta e traz paz.

É aqui e agora que tem gente enlouquecendo e tirando a própria vida porque a vida não faz mais sentido pra elas, precisando ouvir de você que Jesus dá sentido à vida e explica amorosamente a questão do sofrimento humano.

É aqui e agora que precisamos viver, amar, brincar...reunir os amigos, tomar um bom vinho, assistir um bom filme, discutir bons temas, namorar, casar, ter filhos, fazer caminhada, jogar bola..., tudo isso feito a céu aberto, crentes misturados aos não crentes, sem a arrogância que quer promover nosso envolvimento apenas com “os salvos”.

Assim Jesus faria se ainda caminhasse entre nós. E Ele quer continuar a caminhar entre os homens através de Seus discípulos, através de nós, que, com nossa vida, nosso testemunho, nosso jeito de ser parecido com o Dele, que revela, que mostra, que sinaliza o Reino de Deus entre os homens, trazendo esperança para quem deixou de ter, paz para quem cansou de esperar, vida para quem caminha como morto e luz para quem a muito tempo se sente na escuridão.

Esta é a nossa pregação. Que ninguém a despreze. Tito2:15

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Pra. Fátima, quanto tempo não a vejo. Quanta saudade.
Não sei se lembra de mim, mas sou um jovem que de vez em quando, e principalmente nos aniversários da Betesda em Diadema eu aparecia.
Gostei do blog, prometo frequentar.

Deus abençõe, vc e sua família.

Saudades de seus louvores, suas mensagens e das musicas do Miguel!

Forte abraço!

Anônimo disse...

Descobri sua página, pode parecer ridiculo mais não sabia que ela existia. Vendo o slide e tudo que contém nela aumentou minha saudade.
Nunca vou esquece-la Te amo muito minha pastora queria.
Um beijo. Saudades.
Fabi. Será que lembra de mim? rsrs

Dalila disse...

Como é bom ler as suas mensagens. É como se eu as tivesse ouvindo pessoalmente. Obrigado querida pelo seu zelo e cuidado com a obra de Deus. Te amo. Sinto saudades dos momentos em que compartilhavamos nossas necessidades e oravamos juntas. Que Deus continue lhe abençoando ricamente. Beijos na Camila e Miguel.